"Escrevo-vos estas pequenas linhas na qualidade de alguém que acompanhou de perto um familiar muito próximo que sofria de perturbações mentais, o que se veio a agravar com o decurso da idade. Por outro lado escrevo-vos também, como alguém que segue com muita atenção a relevância que o poder da mente tem no regular comportamento entre as pessoas e as coisas.
Entendo que entre os seres vivos existe algo que diferencia as pessoas de tudo o resto e que essa diferença é baseada na capacidade mental, sendo o cérebro o órgão mais diferenciador de todo o sistema animal. É nele que se baseiam os comportamentos, sendo estes derivados de comandos provenientes de impulsos cerebrais, os quais interagem com o meio envolvente.
É o órgão que cria o movimento e guarda toda a capacidade de reter memorias, de como um computador se tratasse, por um lado coloca em pratica a solução, por outro memoriza-a para utilização futura, tratando-se de um processo de comando e de interação com todos os restantes órgãos.
O seu estudo e ciência, por mais que já existam bases cientificas, ainda é um elemento de profundo desconhecimento que trará muito ao saber futuro.
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, sendo ela a responsável pela abordagem do estudo da saúde mental. É através da psicologia que poderemos observar vários cenários comportamentais do ser humano e liga-los a modelos que se enquadram dentro de um certo enquadramento normal.
A psiquiatria, por outro lado, é a ciência que estuda a doença mental e o seu tratamento, serve de suporte a problemas cognitivos, os quais podem ser de origem congénita, ou seja, já se apresenta na altura do nascimento, ou proveniente de quadros psicológicos graves que se transformam em problemas psiquiátricos, sendo estes aqueles que mais afetam a doença mental nas sociedades modernas. Normalmente ocorrem derivado de situações de grande impacto para o paciente, por motivos que ultrapassam a sua capacidade de autocontrole, causando ansiedade e depressão e podem ser derivados de excessos de preocupações, desmotivação, saturação, stress, limitações aos comportamentos sociais, dependências de substancias, etc..
Se por um lado olhamos para a saúde mental numa perspetiva do doente, por outro, poderemos olhar pela perspetiva de quem o rodeia, situação essa de muito difícil entendimento, pois existe sempre a intenção de quem está de fora que tudo é controlável, por isso existirá sempre a tendência para que do outro lado exista alguém que só não controla os comportamentos por que não quer, até em situações de pessoas externas ao paciente podem ter dificuldade em identificar que se trata de uma pessoa com desequilíbrios mentais, ou seja, é fácil entender pessoas com outras doenças, pois estas transmitem a sua doença com clareza, no entanto é muito difícil avaliar situações que são criadas por doentes com afetação mental, podendo atingir níveis altos de conflito.
A doença mental pode ser assimétrica na afetação dos comportamentos, pois é através de níveis de interação no ambiente, que esta se manifesta provocando maiores ou menores reações dependentemente dos níveis de exigência a que o paciente está envolvido. Em ambientes serenos e de acalmia, existiram comportamentos estáveis, contrariamente em situação de ambientes de ansiedade ou ruido, existiram comportamentos de histeria.
Termino realçando que uma boa saúde mental, é algo que é essencial no relacionamento social e é através dela que ambientes familiares, de amizade, profissionais, etc. possam ser mais estáveis e profícuos. Tendencialmente olhamos para a doença mental como algo que nos incomoda e distancia e que porem, desde que seja compreendida poderá ser um elo de bom relacionamento e de felicidade."
___________________________________________________________________________________________
Dr.º Carlos Alves
Tem no seu jardim: duas filhas e três netos espetaculares.
Tem como atividade a docência no ensino superior.
Gosta de ler, ouvir música e estudar tecnologia
Comments