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Foto do escritorJoana

O Covid passou por cá...

Pois é, calha a todos (ou quase todos), e também me calhou a mim. Há 1 mês, em pleno inicio do ano, lá estava eu, fechada num quarto, positiva para Covid-19. Se já estava à espera? Ui, há quanto tempo eu já me tinha mentalizado que um dia apanharia o "vírus da moda".


Passei o Natal em família! Sim, cometi o pecado capital dos nossos dias: passar a consoada com os meus. O "castigo" veio logo de seguida. 2 dias depois soube que os meus primos e a minha afilhada estavam positivos. O meu primo, precisamente ao lado de quem me sentei no jantar de Natal, e com quem decidi alinhar na brincadeira de fazer de Pai Natal e respetiva Gnoma (se é que isso existe). A minha afilhada, a quem andei abraçada. Imediatamente eu e a minha família nos fechámos em casa. Avisei o meu trabalho, e foi decidido que não iria trabalhar, uma vez que o contato que tive era muito próximo, e trabalho com pessoas mais frágeis. Fizemos testes rápidos. Todos negativos.


No dia seguinte acordei com dor de cabeça, algo que não achei estranho, uma vez que tenho enxaquecas frequentemente. Na noite seguinte acordei esquisita, e com algumas dores no corpo. Verifiquei a temperatura, e tinha febre. Suei muito, e comecei a achar que talvez pudesse estar infetada. Ou isso, ou o meu psicológico tinha um poder até então desconhecido.


De manhã tive uma pequena quebra de tensão, mas nada de muito importante. Fui fazer o teste PCR, e resguardei-me no quarto, uma vez que mais ninguém em casa tinha tantos sintomas como eu. No dia seguinte veio a confirmação: estava positiva. A partir daí veio a tosse. Foram mais 3 dias em que literalmente me "escangalhei" a tossir. Doía tudo por causa da tosse. Tive algum cansaço, mas nada de muito significativo. Perdi o apetite, e alguma forças. Os testes PCR de todos lá em casa deram negativo. Vá-se lá saber porquê, mas ainda bem.


Gradualmente os sintomas foram desaparecendo, mas não o meu tormento. Estive quase 3 semanas fechada em casa, sem poder ir trabalhar. Tudo por causa de burocracias. Se se recordarem, foi precisamente nesta altura que mudaram as diretrizes quanto aos procedimentos no caso de termos Covid-19, ou tivermos um contato suspeito. Para além disso, os casos estavam a aumentar, e todas as linhas de acesso a serviços de saúde estavam interrompidas. Passei dias ao telefone, a tentar entrar em contato com a Saúde 24 e com o Centro de Saúde. Foi verdadeiramente difícil conseguir que me fosse passada uma baixa e consequente alta, para poder voltar ao trabalho. Felizmente que os procedimentos mudaram, e tudo foi simplificado.


Poder voltar à vida normal, foi verdadeiramente libertador. Adoro estar em casa, sempre adorei, mas estar restringida nos meus movimentos, proibida de sair de casa, doente, e "enterrada" em procedimentos burocráticos, onde não consigo respostas, não é para mim. Seguramente é uma experiência que não tenho muita vontade de repetir, apesar de saber que tive muita sorte. Infelizmente, nem todas as pessoas conseguem passar pela Covid apenas com sintomas leves e passageiros.


Sem dúvida que um dos grandes problemas destas quarentenas forçadas, é o lado psicológico. A pressão a que temos sido sujeitos nos últimos 2 anos, faz com que já estejamos verdadeiramente afetados psicologicamente, e passar pela Covid na primeira pessoa, faz com que nos sintamos ainda mais frágeis. Pelo menos foi assim que me senti. É muito estranho sabermos que fazemos parte daquele número que todos os dias ouvimos na TV. Naquele dia em específico, pertencemos aquele grupo. Já passou para mim, pelo menos por enquanto.


Talvez a Covid tenha mesmo vindo para ficar...

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