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Marchas Populares da União Desportiva e Cultural Banheirense

No Viver Alternativo damos muita importância às tradições. São elas que nos trazem memórias, que reavivam o que a sociedade tem de melhor, e que renovam alegrias que são vividas uma e outra vez, até à exaustão. Pelas tradições as pessoas dedicam-se e doam-se totalmente, sem pedir nada em troca, a não ser que se perpetuem paixões que, pedem, durem para sempre. E não existe povo mais rico em tradições do que o português, cheio de histórias e recordações incríveis, que são repetidas uma e outra vez.


Estamos em época de Santos Populares, e existem tantas tradições associadas a estas festividades. Talvez as mais significativas sejam as Marchas Populares, tão marcantes na cultura portuguesa. Moro na Baixa da Banheira, e nos últimos anos temos sido agraciados com a presença de Marchas na vida cultural da nossa vila. Estas são desenvolvidas pela União Desportiva e Cultural Banheirense, que decidimos contactar e pedir uma entrevista. Foi à conversa com a Vice-Presidente Cultural Maria da Conceição Santos que vimos as nossas dúvidas esclarecidas, e que ficámos a saber um pouco mais sobre esta atividade.



1- O que é a União Desportiva e Cultural Banheirense?

R: A UDCB é uma associação que nasceu da fusão de três clubes: o futebol clube “Os Leais”, o Clube desportivo Banheirense “O Racing”, e a Sociedade Desportiva Banheirense “O Real", em 18 de Agosto de 1986. Este Clube tem vindo ao longo dos anos a sofrer várias alterações, mas sempre com o intuito de ter cada vez mais a participação de todas as faixas etárias da comunidade da vila, e para isso apostamos na renovação de pessoas, ideias, de dinâmicas e nas gerações mais novas. A UDCB tem a qualidade de chamar a atenção juvenil e feminina, de dar oportunidade aos jovens e às mulheres para se integrarem nos corpos gerentes, mostrando assim as suas valências para a evolução, desenvolvimento e bem-estar da comunidade, algo que se pode provar pela composição da atual direção que é composta na sua maioria por mulheres, abrangendo todas as faixas etárias.


2 - Qual a importância do movimento associativo na comunidade? E qual a importância do mesmo no perpetuar de tradições junto da população?

R: O movimento associativo tem por objetivo gerar soluções, superar desafios em diferentes âmbitos, sejam eles sociais, culturais, políticos, económicos, científicos, entre outros. O associativismo envolve participação, solidariedade, cooperação por objetivos comuns, tendo o intuito de mobilizar pessoas e acreditar que juntos podemos criar propósitos e melhores caminhos para resolução de conflitos e problemas a enfrentar pela sociedade. É a tentativa de sanar necessidades coletivas, realizar objetivos e alcançar metas comuns.


3 - Falamos de tradições, e estamos em época de Santos Populares. Vamos falar de Marchas Populares, mais concretamente da vossa. Como nasceu a ideia de formar a marcha popular da UDCB?

R: A ideia de formar a marcha surge em Março de 2014, de uma simples conversa de amigas com o discurso de que era engraçado uma marcha popular, conversa que dia após dia foi ganhando entusiasmo, teimosia, e o envolvimento de várias pessoas. Nenhum dos envolvidos tinha qualquer conhecimento do que era organizar uma marcha, o que envolvia, que custos tinha, ou seja, era o desconhecimento total. No entanto existia o sentimento geral de que a marcha era para se tornar real. Foi desta forma que se apresentou ao presidente da UDCB da altura (Sr. Paulo Dias) a ideia de formar uma marcha, e perante a sua concordância e apoio, pois apenas mencionou o curto espaço de tempo que tínhamos para a sua organização, que iniciámos uma corrida contra o tempo, para que nesse mesmo ano (2014) a marcha saísse à rua. E saiu! E desde esse ano não deixou de sair, formando-se aqui uma nova tradição na Baixa da Banheira, sendo o UDCB a responsável pela sua implementação!



4- O início desta tradição foi um processo difícil?

R: Não, uma vez que a vontade de fazer acontecer era imensa. Claro que sentimos dificuldades ao nível logístico, uma vez que é algo que envolve alguns custos e os recursos eram diminutos. No entanto, o entusiamo e a teimosia de colocar na prática esta ideia, conseguiram superar as dificuldades sentidas. Assim, a marcha saiu à rua em 2014 com o tema “Baixa da Banheira antiga”, com roupas reaproveitadas, com marchantes dos 0 anos aos 70 anos, e com o ensaiador Jorge Bias a liderar.

5 - Resumidamente, conseguem descrever-nos como se forma uma marcha popular e quais as etapas por que passam até ao desfile final?

R: Claro que sim. Inicia-se uma marcha selecionando o tema para a mesma, que todos os anos é diferente. Depois, e com base nessa escolha define-se roupa, adereços para os marchantes, música, arcos. É também aqui que se define e se procede ao convite dos Padrinhos da marcha. Posteriormente, e já com a música conhecida ou semi-conhecida, é hora de selecionar marchantes, definir coreografia e começar os ensaios, os quais duram até ao final. Ao mesmo tempo define-se calendário de atuações. No nosso caso define-se o desfile principal e o percurso pelas ruas da Baixa da Banheira. É também por estas alturas que se fazem e se recebem os convites de outras marchas para atuações. No final damos entrada a um novo elemento, o nervoso miudinho, pois queremos sempre que seja perfeito.

6- Refere que todos os anos o tema da marcha é diferente. Quais os temos que foram marchados por vós?

R: Foram os seguintes:

2014: Baixa da Banheira antiga

2015: União Desportiva e Cultural Banheirense

2016: As Flores

2017: A música

2018: As vindimas

2019: Moita- Património do Tejo


7 - São já vários os anos que saíram à rua com a vossa marcha. Quais são as diferenças que apontam entre o primeiro ano e o último?

R: A grande diferença que conseguimos apontar é que a cada ano que passa melhoramos em todos os aspetos, desde o guarda-roupa, aos adereços, aos arcos, à coreografia e até à logística. Vamos, também, contando com apoios, os quais são fundamentais para um aprimoramento em certos itens, uma vez que só assim conseguimos dispor de mais alguns recursos para fazer mais e melhor. Contamos também com mais marchantes, o que resulta da marca que a nossa marcha já tem na comunidade. Podemos apontar a experiência como o grande motor destas diferenças.

8 - Qual tem sido a aceitação da população à vossa marcha?

R: Conseguimos descreve-la com uma única palavra: espetacular!



9 - O que mais gostam nas marchas?

R: As marchas populares, tal como todas as atividades coletivas, promovem a interação entre os seus participantes, sendo nesse convívio e na boa disposição existente entre todos os marchantes que reside aquilo que mais gostamos nas marchas. Mas existem outros aspetos que podemos apontar como o convívio com as marchas de outros locais e a partilha de experiências e conhecimento. Gostamos também muito do processo, propriamente dito, da criação da marcha. Por fim, o facto de podermos ser parte ativa na cultura da nossa freguesia e do nosso concelho, bem como termos a possibilidade de a levar a outros pontos do país, também nos apraz e muito.

10 - Qual a importância e o peso que a realização das marchas populares têm na vida cultural da Baixa da Banheira, e até no concelho da Moita, na vossa opinião?

R: No nosso entender, as marchas populares da UDCB já se integram no património cultural da União de Freguesias da Baixa da Banheira e do Vale da Amoreira e do concelho da Moita, lugar que alcançaram rapidamente, porque estamos a falar de uma tradição implementada por nós e iniciada há relativamente poucos anos. Esta rapidez mostra a importância que os Banheirenses atribuem às marchas, e basta vermos que chegando o mês dos Santos Populares toda a gente espera as marchas e fala delas. Mais, em 2019 o tema da nossa marcha foi “Moita- Património do Tejo”, incluindo-se e fazendo jus à candidatura do município da Moita a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO.


11 - Sabemos que em 2019 trouxeram mais uma novidade à Marcha da União Desportiva e Cultural Banheirense, com a apresentação da vossa Marcha Infantil. Sentiram a necessidade de alargar aos mais pequenos esta tradição?

R: Sim. A nossa marcha desde o primeiro ano que teve na sua composição crianças. A cada ano que passava o seu número ia aumentando. Em 2019 tomámos a decisão de que conseguiríamos criar a sua própria marcha, para que também eles começassem a deixar marca na cultura da Baixa da Banheira. Podemos também dizer-vos que tivemos alguns marchantes infantis que integraram as duas marchas, a infantil e a dos adultos, mostrando a fibra de que são feitos. Outro elemento que podemos realçar é que a mascote da marcha dos adultos desse ano integra a marcha da União Desportiva e Cultural Banheirense desde o seu início, desde o ano de 2014, ainda com meses de vida.

11 - Com a pandemia, o movimento associativo sofreu, e muito. As atividades também ficaram suspensas. A pandemia acabou com a marcha popular do UDCB, ou só a colocou em stand-by?

R: Ficou apenas em stand-by, com a esperança de que seja muito, muito breve.


12 - Querem deixar algumas palavras aos marchantes?

R: Claro que sim. Todos perceberão aquilo que quero transmitir com as palavras seguintes:


“Vamos todos vê-la marchar

Com força na alma e coração.


O União Banheirense está na luta

Com honra e galhardia.”

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