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Associação Portuguesa de Celíacos

Cada vez existem mais opções alimentares, por vezes de produtos que vêm revolucionar as escolhas de todos nós. Alguns são escolhidos por opção, outros por curiosidade, e muitos até por "moda". Quantas vezes encontramos receitas cujos ingredientes têm nomes estranhos, e pensamos logo que são "modernices".


Para muitas pessoas, a escolha por este tipo de alimentos, e o cuidado na escolha das refeições, são obrigatórias. É o caso dos Celíacos. Para estas pessoas, intolerantes ao glúten, tão presente em grande parte do que comemos, o dia a dia passa a ter de ser planeado com antecedência, não apenas em relação à rotina, mas também no que à comida diz respeito.


Ainda existem muitas dúvidas e desinformação em relação à Doença Celíaca, e muitas dificuldades no adquirir de produtos que possam ser consumidos pelos Celíacos. Se é verdade que cada vez existem mais opções e variedades, também não há dúvidas que não é nem por sombras o suficiente, e o preço a que estes produtos são disponibilizados, deviam envergonhar uma sociedade que se quer igualitária. Não estamos a falar de luxos, estamos a falar de um bem essencial, como é a alimentação. Os Celíacos, não têm escolha!


Apesar da minha opinião, ninguém sabe explicar melhor esta realidade do que a Associação Portuguesa de Celíacos, que gentilmente nos concedeu a explicação certeira e adequada sobre o que é a Doença Celíaca. São eles que representam quem luta todos os dias para conseguir comer o que não lhes faça mal.


Associação Portuguesa de Celíacos


"Antes de esclarecer o que é a Associação Portuguesa de Celíacos (APC) e qual a sua missão, fará sentido começar pelo “o que é a Doença Celíaca”?


A Doença Celíaca (DC) é uma doença crónica e autoimune, que surge na sequência da ingestão de cereais que contêm glúten, em indivíduos geneticamente suscetíveis. Esta caracteriza-se pela atrofia das vilosidades do intestino delgado proximal.


Em Portugal, aponta-se que existam entre 10 a 15 mil pessoas diagnosticadas com doença celíaca. Estima-se, no entanto, que o número de celíaco efetivo, ao nível nacional, se situe entre os 70 e os 100 mil.


Esta patologia apenas se desenvolve após a introdução de alimentos que contêm glúten, sendo que se pode manifestar na infância, adolescência ou idade adulta. A sintomatologia é variada, podendo atingir vários componentes do organismo, através de um ou mais sintomas com maior ou menor severidade, ou até mesmo permanecer assintomática. As manifestações poderão ser tão diversas como: distensão abdominal, dor abdominal, diarreia, obstipação crónica, flatulência, atraso no crescimento, anorexia, desnutrição ou irritabilidade (mais comuns em crianças) ou amenorreia inexplicada, infertilidade, abortamentos de repetição, anemia por deficiência de ferro, alterações hepáticas, osteopenia precoce, alterações neurológicas e psiquiátricas (mais comuns em adultos).


O diagnóstico deve ser apoiado em várias informações: história clínica, análises sanguíneas para determinação dos anticorpos anti-transglutaminase (tTG), anti-gliadina desaminada (AGA) ou anti-endomísio (AE) e endoscopia digestiva alta com quatro biópsias ao duodeno (bulbo e 2ª ou 3ª porção do duodeno), de forma a confirmar a presença de lesão e evitar erros. Ainda poderá ser efetuada a avaliação dos marcadores genéticos HLA-DQ2/ DQ8, mas esta apenas serve para excluir a possibilidade de se ser celíaco (não serve como confirmação).


Após o diagnóstico, aderir à Dieta Isenta de Glúten (DIG), único tratamento atualmente existente, é, ao início, desafiante, pode requerer novos conhecimentos e habilidades, e exige a modificação de alguns comportamentos alimentares. É, por isso, essencial o esclarecimento dos doentes e seus familiares mais próximos, a supervisão cuidadosa com aconselhamento médico e nutricional regular e a manutenção da dieta em todas as situações do dia-a-dia. O Nutricionista tem um papel fundamental, pois ajudará no planeamento alimentar e na adaptação social e emocional aos novos hábitos, mantendo a qualidade de vida. Adicionalmente, os doentes devem ser incentivados a participar em grupos de apoio à doença celíaca, como é o caso da APC, já que está provado que quem o faz apresenta maior facilidade em aderir e cumprir a Dieta Isenta de Glúten e em lidar com os desafios inerentes, preservando o seu potencial de felicidade e realização pessoal.


Atentando no alcance e nas implicações da DC, a 29 de junho em 1992 (30 anos!) foi fundada a Associação Portuguesa de Celíacos, que presta apoio multidisciplinar aos celíacos e seus familiares, facilitando a adaptação à DIG e a manutenção da qualidade de vida após o diagnóstico. De entre muito outros objetivos, a APC trabalha para defender o «direito à diferença» dos indivíduos com doença celíaca, incluindo na busca de soluções alternativas que lhes permitam fazer frente às dificuldades alimentares, e fornecer informações e orientações, para melhorar o conhecimento e a adaptação da doença em diferentes fases e em diferentes níveis de apoio (pessoal, familiar, social, etc.) e psicológicos para os pacientes e suas famílias.


Com gabinete em Lisboa e no Porto, a APC chega aos celíacos e seus familiares através dos seus eventos, materiais de comunicação: newsletter, Revista (quadrimestral), Redes sociais e site https://www.celiacos.org.pt/. E também dos vários eventos realizados ao longo do ano (Campo de Férias, Workshops e Showcookings, Sessões de Acolhimento, Encontros Nacionais, entre outros."


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