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Alimentação Consciente e Natural, por Daniela Ricardo - Parte 1

Hoje é um dia muito especial para o Viver Alternativo. Contamos com a participação de Daniela Ricardo, uma pessoa conhecida de muitos de vocês, e que tem sido espetacular ao colaborar connosco. Desafiámo-la a escrever sobre o que entende por alimentação saudável e natural, e o que nos facultou é tão mas tão rico, que decidimos dividi-lo por 3 posts. Não há palavras para agradecer a disponibilidade com que nos tem tratado. É um orgulho poder ter contado com a Daniela. Querem saber mais sobre esta mulher espetacular? Ora vejam.

"Daniela Ricardo é chef, professora e consultora de alimentação consciente e natural. É licenciada em Enfermagem e trabalhou no Instituto Português de Oncologia do Porto como Enfermeira durante 20 anos. É também Terapeuta de Shiatsu. Estudou no Instituto Macrobiótico de Portugal, formando-se como Professora e Consultora de Macrobiótica. Tem diversas formações na área da nutrição e alimentação, algumas das quais pela Stanford University. Atualmente abraça um projeto de Alimentação Consciente e Natural, com o seu nome que visa divulgar a alimentação e um estilo de vida conscientes e naturais, assim como levar os que a acompanham a sonhar e iniciarem viagens pelo Mundo. É apaixonada por conhecer novos lugares, novas culturas, novos sabores. O mundo é a sua casa, pelo que atualmente organiza viagens e retiros juntamente com o marido Luís Baião, através da Zen family. Já cozinhou um pouco por todo o mundo e sua missão é levar cada vez mais pessoas a adotarem um estilo de vida saudável e consciente, que contribua tanto para o seu bem-estar físico, como para o equilíbrio e sustentabilidade do planeta. É autora dos Livros Viagens da Comida Saudável, Cozinhar com Amor, Sabores do Viajante e Cozinha das Emoções. Dois dos quais vencedores de um Gourmand Cookbook Award, um a nível nacional e outro internacional, sempre com foco na alimentação consciente e natural, nos produtos locais e sazonais, de preferência biológicos."


Daniela Ricardo

Saber mais em:

Site: https://danielaricardo.pt/

FB: https://www.facebook.com/daniela.ricardo.bio

https://www.facebook.com/danielaricardo.pt


Agora que já sabem mais acerca de Daniela Ricardo, leiam a primeira parte sobre Alimentação Consciente e Natural.



"Alimentação Consciente e Natural – Um caminho para uma vida plena e saudável


Quando a Joana André, uma das fundadoras deste projeto “Viver Alternativo” me contactou para escrever um artigo sobre alimentação consciente e natural e a sua importância, o sim foi imediato.


A alimentação nem sempre esteve em cima da mesa como algo realmente importante para uma vida saudável, equilibrada e vibrante, porque eu não percebia tudo o que a alimentação engloba. A saúde sempre foi algo importante para mim, talvez por isso fui enfermeira durante 20 anos, na Unidade de transplantes de Medula, do IPO-Porto. Mas, trabalhar no que chamamos saúde não foi o que me chamou a atenção para a importância do que colocamos no nosso corpo. O que me fez despertar para esta temática foi ter-me tornado vegetariana, por praticar Yoga e querer ter mais elasticidade para fazer as posturas “excêntricas” que os professores faziam. Tornei-me vegetariana e posso dizer que fazia muitas asneiras em termos de equilíbrio nutricional, pois o meu único critério era não comer animal. Sim podemos ver vegetarianos a comer mal e desequilibradamente. As alterações que aconteceram no meu corpo, que mostrava cada vez mais estar a ficar “doente”, foi o que fez acordar. Isso e os ensinamentos do meu querido Francisco Varatojo. Com ele aprendi o poder curativo, ou não do alimento, o que que devemos sempre ter no prato e mudei a minha visão sobre a alimentação.


Hoje, considero que a alimentação engloba muito mais do que apenas o ato de comer. Tudo é comida. Talvez por ser de signo Touro (claro que digo isto a brincar, mas também a sério) para mim tudo, mas mesmo tudo, em todas as dimensões da vida, é comida! Para que possam entender o meu ponto de vista, começo por explicar que todos temos, pelo menos, quatro corpos que identificamos sem problemas: o físico, o mental, o emocional e o espiritual. Todos eles necessitam de ser nutridos e todos eles se influenciam.


Quando nos alimentamos, o nosso corpo absorve os elementos que lhes são úteis e procura desembaraçar-se daqueles que lhe são estranhos ou nocivos. A alimentação deve ser entendida como tudo o que o nosso corpo absorve, seja através da comida, seja através dos pensamentos e emoções.


Nem sempre estamos conscientes disto. Não percebemos que por vezes o nosso organismo (corpo e mente) nem sempre está em condições de fazer a discriminação entre o que é benéfico e não. Nem sempre temos consciência que a “alimentação” pode ter um efeito nocivo com consequências na nossa saúde física e mental. Nem sempre estamos conscientes da forma como isso afeta a nossa vida e as pessoas à nossa volta. É importante alimentar o nosso corpo, que deveria ser visto como um templo, um santuário, com o respeito que ele merece, quer seja a nível das refeições, quer seja a nível dos pensamentos e emoções.


Quando ingerimos algo, esse algo irá de alguma forma fazer parte de nós. Primeiramente entra na nossa corrente sanguínea e alimenta todas as nossas células e tecidos, inclusive as células do nosso sistema nervoso. Isso influencia a qualidade dos nossos pensamentos e até a forma como percecionamos o mundo e interagimos com ele. É fácil de perceber, se vos der um exemplo. Que tudo o que ingerimos alimenta o nosso corpo, os nossos tecidos e células é fácil de perceber. O mais difícil é como afeta os nossos pensamentos. Dar-vos-ei um exemplo bem simples e que quase todos já experimentaram. Beber álcool, apanhar uma bebedeira ou ficar animado com um copo de vinho. O álcool, como os demais alimentos, entra rapidamente na nossa corrente sanguínea, nutre de açúcar todas as nossas células, inclusive as do sistema nervoso. Quando estamos embriagados, muitas vezes temos uma perceção bem diferente do mundo e de nós próprios. Os tímidos ficam ousados, os ousados ficam introvertidos e a forma de interagir com o mundo muda, pelo menos momentaneamente. A influência do que comemos no que pensamos, como interagimos com o mundo, está sempre presente, embora a velocidade a que ocorre por vezes seja demasiado lenta (se compararmos com o álcool) para que percebamos as mudanças que ocorrem.


Um exemplo que dou muitas vezes é a de compararem dois amigos. Um com uma alimentação tendencialmente de origem vegetal e outro com uma alimentação tendencialmente de origem animal. O comportamento de ambos perante a mesma situação é diferente. O amigo que come maioritariamente vegetais, tem tendencialmente um comportamento mais sereno, mais tranquilo e aparentemente mais passivo. O outro amigo, que come em maior quantidade produtos de origem animal, tende a ser mais inquieto, a estar sempre pronto para ação, a estar aparentemente mais ativo. Assim, fica fácil de perceber que o que comemos não afeta só o nosso corpo físico, afeta todos os outros. E os outros acabam por afetar também o nosso corpo físico. Todos eles são importantes e complementares, formando cada um de nós. Todos eles fazem parte de um “todo”. Devemos nutrir esse “todo” com respeito e amor, não descurando nenhuma das partes.


Comer não é apenas ingestão de alimentos físicos, como já perceberam. Existem outras formas de alimentarmos, embora a alimentação, que é uma das minhas paixões e algo que podemos mudar de forma rápida com efeitos visíveis rapidamente. Tudo o que ingerimos, seja alimento físico ou não, como é o caso da música, das emoções, dos pensamentos, é uma forma de nos nutrir.


Falando mais concretamente do alimento físico, aquele que é mais fácil de controlar, por ser palpável, objetivo o que é isto de uma alimentação consciente e natural? Do meu ponto de vista é uma alimentação que tem em consideração todas as dimensões do nosso ser e que do ponto de vista físico considera a nossa constituição, a nossa condição física, o nosso propósito, o local onde vivemos, a nossa idade e que assenta maioritariamente em alimentos de origem vegetal, locais e preferencialmente biológicos.

A base do meu modelo alimentar é comida, alimentos de verdade como cereais integrais, leguminosas e vegetais, embora todos os grupos sejam contemplados.


É curioso constatar que para viver os seres humanos precisam de 3 elementos fundamentais: oxigénio, água e comida. Podemos sobreviver cerca de 3 minutos sem oxigénio, 3 dias sem água e 3 semanas sem comida. A comida é mesmo algo importante para a nossa sobrevivência e talvez por isso foi estudada intensa e extensivamente.


William Prout, em 1827, chegou à conclusão que os humanos necessitam de 3 macronutrientes para garantir a sua sobrevivência e desde então tem sido objeto de estudo saber qual a quantidade ideal de cada um desse macronutrientes para otimizar a nossa saúde. Este foco nos nutrientes em vez de na comida tem levado a muitas confusões e são o motivo pelo qual cada vez mais pessoas estão confusas. Um entendimento ligeiro sobre os nutrientes e as suas funções pode ajudar a esclarecer e a escolher melhor a nossa comida. No entanto o nosso foco deve ser a comida e não os nutrientes, pois em última instância nós ingerimos comida e não nutrientes.


Os macronutrientes de que Prout falava são os Hidratos de Carbono (os açucares), as Proteínas e as Gorduras. No entanto apenas com estes macronutrientes teríamos uma alimentação muito deficitária pelo que é necessário incluir os micronutrientes - Vitaminas e Minerais - assim como as Fibras."

Daniela Ricardo

(continua...)

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